Baltazar Doile Dias
É impressionante a pressão que a bancada ruralista está fazendo sobre o relator Aldo Rebelo para que Código Florestal tenha em seus meandros e entrelinhas, dispositivos que venham a absolver os crimes que possam ter sido cometidos contra a natureza e o meio ambiente ao longo do tempo. Assim como são pedidas punições para quem agrediu direitos humanos, na época da ditadura militar, devem ser punidos todos os que degradaram mananciais, matas ciliares, desviaram leitos dos rios, fizeram atacados em seus leitos, extinguiram seus peixes e tantos danos, por pura gana de enriquecimento a qualquer preço. Eu vi exemplos de degradação impressionantes, praticados no meio rural, especialmente por plantadores de arroz. A transposição do rio São Francisco que custará bilhões ao governo federal, para levar água ao sertão nordestino, é um exemplo de distribuição de água e abertura de oportunidades para desenvolvimento rural sustentável. Aqui, a transposição dos rios Santa Maria e Ibicuí, foram feitas ilegalmente, com desvio de suas águas para barragens particulares e lavouras de arroz. Os rios, que já foram navegáveis, não foram sempre assim, a mão do homem que os transformaram. Chegou ao ponto de se construir barragens, com recursos públicos, para manter o leito dos rios, e não deixar faltar água para quem os ajudaram a destruí-los. Meninos eu vi e ouvi: “É, a gente ataca de noite e de dia bombeia prá lavoura”. “Tão aqui no freezer as postas de surubi que os peão mataram a pau nos buraco do rio, eles disseram que eram peixas porque estavam cheias de ovinhos”. Pois bem, esperamos que as bacias hidrográficas dos rios sejam gerenciadas por pessoas isentas, e notoriamente comprometidas com o meio ambiente, e contrárias à práticas indiscriminadas de devastação da natureza. Outra vez questionei um produtor rural: Vocês não têm medo que falte água para a população beber? “Não falta não, daqui a pouco vem uma enchente e ninguém mais fala nisso, ninguém fiscaliza mesmo”.
